O mercado imobiliário mudou no último ano e a expectativa dos agentes imobiliários é que nunca mais voltará a ser como antes. É por isso que para qualquer empresa ou ‘player' se manter neste novo mercado precisa de se adaptar. De acordo com os consultores imobiliários, qualquer promotor que esteja a pensar desenvolver "produtos de segunda categoria" não terá sucesso. Para estes gestores, o imobiliário está mais exigente e só os melhores escritórios, centros comerciais, casas ou hotéis é que conseguiram sobreviver ou vingar. Mas afinal, o que é um projecto de qualidade? Simples. Qualquer activo que seja bem localizado, tenha bons inquilinos, bons contratos de arrendamento, bons proprietários e que tenha características únicas, como por exemplo a Torre Oriente.
No entanto, para 2010, a maioria dos agentes imobiliários elegem apenas três sectores - comércio de rua, reabilitação urbana para habitação e escritórios. "Mais especificamente, lojas nas melhores ruas das principais cidades do País, escritórios no centro de Lisboa, e habitação com algo de único", explica Eric Van Leuven, director-geral da Cushman & Wakefield em Portugal.
Destes três, os escritórios são os que reúnem maior consenso. Para Pedro Rutkowski, director-geral da Worx, perante as condições acima referidas - boa localização, bons inquilinos e bons contratos de arrendamento - "o sector de escritórios surge como o tradicional segmento preferencial". A reabilitação urbana em projectos de habitação é um bom negócio, mas que exige um investidor com maior capacidade de investimento e "apetência para o risco", repara ainda o responsável da Worx. O mesmo se passa como o comércio de rua. Não só há poucas lojas disponíveis em boas zonas, por exemplo no Chiado, em Lisboa, como as que há têm arrendamentos caros ou representam um investimento elevado na sua recuperação.
Estas são as apostas para este ano, mas se o seu negócio for outro não desanime. O Diário Económico falou com as principais consultoras do mercado e mostra-lhe o que pode esperar em todos os sectores do imobiliário. Por exemplo, nos centros comerciais, este não será um bom ano para apostar neste segmento. "O retalho foi o maior sucesso entre 2005 e 2008, mas agora está mal cotado. Há excesso de oferta, pouco poder de compra e pouca capacidade de investimento por parte dos lojistas", remata André Almada, um dos porta-voz da CB Richard Ellis -
Habitação
1 - Boa altura para comprar, diz João Cunha, administrador da Square, devido a um maior poder negocial, mais facilidade na concessão de crédito à habitação e pelo facto das taxas Euribor se manterem entre 1% e 2% em 2010, especifica Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal.
2 - Espera-se por isso um aumento do número de transacções. Os imóveis usados serão os mais procurados, diz João Cunha, já que os novos "estão distantes das necessidades do mercado". Para Ricardo Sousa, as zonas mais dinâmicas são as de "elevada rotatividade com preços médios mais baixos".
3 - Preços mais baixos nas zonas com excesso de oferta (periferias), contudo se se concretizarem as perspectivas de acréscimo de projectos de reabilitação em Lisboa, pode haver condições para um aumento de preços nesta zona, repara Paulo Silva.
4 - Maior recurso ao arrendamento, como alternativa à aquisição e pelas facilidades de opções de compra que têm vindo a ser criadas. Crescimento da reabilitação urbana.
5 - Maior recurso aos mediadores imobiliários e esperada revisão da actual legislação da mediação imobiliária.
6 - Melhoria na habitação de luxo é esperada apenas no segundo semestre. Os clientes nacionais e estrangeiros estão ainda muito dependentes da economia e de alguns factores políticos, repara Tiago Queiroga, director-geral da Sotheby's